Se tu visses o que eu vi
numa ilha dos Açores:
um vulcão a deitar tinta,
tinta de todas as cores.
Se tu visses o que eu vi
na cidade de Lisboa:
estava o Marquês de Pombal
a comer uma meloa.
Se tu visses o que eu vi
perto de Famalicão:
um rato a dançar o vira
e um burro o malhão.
Se tu visses o que eu vi
na cidade de Bragança
comias e bebias
ficavas com grande pança.
Se tu visses o que eu vi
na cidade de Guimarães:
o rei D. Afonso Henriques
com um cesto a vender pães.
Se tu visses o que eu vi
em Viana do Castelo:
uma escola muito linda
toda feita em caramelo.
Se tu visses o que eu vi
na praia de Matosinhos:
um casal a dançar salsa
para irritar os vizinhos.
Se tu visses o que eu vi
lá no porto de Leixões:
os navios ancorados
a falar com os tubarões.
Se tu visses o que eu vi
cá na cidade do Porto:
um homem muito direito
e o outro todo torto.
Se tu visses o que eu vi
no Palácio de Cristal:
o antigo jardim zoológico
sem um único animal.
Se tu visses o que eu vi
lá na ponte do Infante:
uma fila muito grande
por causa de um elefante.Se tu visses o que eu vi
no museu Soares dos Reis:
quem lá vai por uma vez
quer lá voltar outras seis.
Se tu visses o que eu vi
no estádio do Dragão:
choveu tanto no relvado
que fizeram natação.
Se tu visses o que eu vi
no hospital de S. João:
Os médicos e enfermeiras
A lançarem um balão.
Se tu visses o que eu vi
na rua João de Deus:
um autocarro com pernas
e pessoas com pneus.Se tu visses o que eu vi
Na rua dos Vanzeleres:
A casa da minha avó
Era feita de colheres.
Se tu visses o que eu vi
na rua de Pedro Hispano:
uma inundação de sumo
sempre a sair por um cano.
Se tu visses o que eu vi
na Rotunda da Boavista:
um leão e uma águia
a comer uma tosta-mista.
Se tu visses o que eu vi
na nossa biblioteca:
doze livros a contar
a vida duma faneca.
uma tarde na cantina:
um rapaz dentro da sopa
Se tu visses o que eu vi
na freguesia de Ramalde
um gigante muito grande
a tomar banho num balde.
Se tu visses o que eu vi
na escola João de Deus:
dissemos as quadras todas
e vamos dizer adeus.