quarta-feira, 30 de março de 2011

Nunca tive uma amiga assim

Certo dia, vim para o primeiro ano para um sítio que não conhecia. Esse sítio era a escola João de Deus.

No primeiro dia eu conheci uma menina chamada Inês Costa.

Eu ao príncipio pensava que ela era burra porque o professor perguntava qualquer coisa e ela levantava o braço, mas depois baixava.

Tocou para o recreio e ela veio perguntar-me se eu queria ser amiga dela e eu, claro, respondi que sim. E fomos brincar.

Eu, timidamente, enquanto brincávamos, perguntei-lhe:

- Queres que nós sejamos as melhores amigas?

- Sim!!! Respondeu ela. E a partir daí ficamos as melhores amigas.

No dia seguinte, como éramos as melhores amigas, eu trouxe-lhe uma prenda e ela disse:

- Obrigada. Eu amanhã vou-te dar uma prenda de que tu vais gostar!

E eu disse:

- Ok.

Ela já não está cá na nossa escola porque foi viver para Guimarães.

Espero que ela venha ler o nosso blogue e mando-lhe um beijinho com saudade.

Alexandra

Afectos que sinto

Melhor coisa no mundo

Acho que não há

Como a amizade é bela

E o que ela nos dá


Um amigo verdadeiro

Vai comigo até ao fim

Passa pelos obstáculos

E nunca se esquece de mim


Um dia chegou a ternura

Veio para me ajudar

Ajuda-me fazer tudo

Até a sonhar


Responsabilizo-me pela solidariedade

Pois é esse o meu dever

Ela acompanha-me na vida

E não a posso perder


Os afectos eu sinto

Pois ajudam-me a crescer

Sem eles pior vivia

E assim acabo de escrever


Luísa

Sou responsável por tudo o que é meu

Eu sou responsável


Pelo que tenho


Como um pastor


É responsável


Pelo seu rebanho.



Se uma coisa perder


Os outros não posso culpar


Pelo que fiz e não devia fazer.


Se isso fosse assim todos


Andavam a lutar.



Eu não posso passar


A responsabilidade


Nem a um elefante.


Isso diz com razão


O meu amigo Infante.



Como não tenho mais para dizer


Esta poesia tenho de acabar.


Vou acabar a fazer


Esta frase a rimar.


DUARTE

segunda-feira, 28 de março de 2011

O copianço

Fotografia de Robert Doisneau


Era uma vez um menino chamado João.


Esse menino, o João, todas as aulas quando o professor saía da sala, punha-se de joelhos na cadeira e começava a copiar pelo colega da frente.


Um dia, quando o professor saiu da sala de aula ele fez a mesma coisa de sempre, só que desta vez não reparou que o professor já tinha chegado e que o estava a observar há muito tempo.


O professor ficou tão furioso com ele que foi logo ligar à mãe dele.


A mãe do João, como é claro, também ficou chateada, mas deixou-lhe um recado muito importante. O recado era “nunca se deve copiar pelos outros, porque assim estás a enganar quem te quer ensinar”.


Com isto o João nunca mais copiou por ninguém.


Mas também não conseguiu livrar-se dos castigos. O castigo da mãe era ele não ir uma semana ao recreio e o castigo do pai era, durante duas semanas, não ver televisão.


Sofia Oliveira

sábado, 26 de março de 2011

Os copiões

Fotografia de Robert Doisneau


1.

Era uma vez dois rapazes, um era muito esperto e o outro muito copião. O que era muito esperto não sabia que o outro o copiava. Certo dia, deu conta que o copião o estava a copiar. Não se importou, pois sabia que quando fosse para a universidade o copião não iria ter trabalho.

Mas, uma coisa aconteceu que deixou o rapaz esperto muito surpreendido, enquanto o copião copiava, ia decorando as coisas e desta forma aprendendo e na altura dos testes tirava boas notas como o rapaz esperto.

O rapaz copião afinal também era esperto!

INÊS

2.

Nos tempos antigos havia escolas grandes, pequenas e médias em relação ao tamanho.

Certo dia numa dessas escolas os meninos estavam a trabalhar.

Um menino estava a trabalhar e o colega do lado fingia que trabalhava, mas na verdade olhava para o trabalho do par.

Para aquele menino tudo era difícil e, então, decidia copiar.

Mas não pensem que era único, havia muitos mais meninos, que faziam o mesmo. Era quase toda a turma… Eles tinham de copiar por quem sabia tudo.

Passado dois anos o professor mudou, veio outro professor e as coisas passaram a ser muito melhores. Já ninguém copiava.

ALEXANDRA

3.

Era uma vez um menino que estava na escola a trabalhar, até que parou um bocadinho para pensar no que ia escreve.

O colega do lado do menino aproveitou e copiou o que ele já tinha escrito. Quando o professor viu tal copianço foi para perto do colega do lado do menino e mandou-o apagar tudo o que tinha copiado.

Quando o menino parou de pensar nem notou que o colega do lado tinha sido chamado ao gabinete do director. Quando ele se ia virar para o lugar do colega do lado e reparou que ele não estava lá.

E depois tocou a campainha.

DUARTE

Os curiosos

Foto de Robert Doineau

Era uma vez dois irmãos que andavam a brincar e a passear.


Ao passar perto das casas e das janelas, como eles eram muito curiosos, um dos irmãos perguntou:


- Queres ir coscuvilhar para dentro das casas, pelas janelas?


- Não, ainda nos apanham a espreitar e chamam a polícia.


O outro irmão diz:


- Vá lá, anda, não tenhas medo!


O outro responde:


- Vamos lá, para te fazer contente.


Então foram ver as casas por dentro das janelas, mas um dos irmãos não gostava nada daquilo, porque não era muito dado à coscuvilhice, porque tinha medo de ser apanhado pela polícia.


Ele disse:


- Vamos embora.


O outro respondeu:


- Está bem, vamos.


E foram para casa


DIOGO


Dois meninos andavam a brincar e a passear ao mesmo tempo.


Algum tempo depois, passaram por uma janela. Um viu a janela aberta e perguntou:


- Olha, e que tal vermos o que se passa ali?


O outro perguntou:


- Ali onde?


- O que se passa naquela sala! – Respondeu.


- Ok. - Alinhou o outro.


Lá foram. Como um era mais alto do que o outro, o mais alto pegou no mais baixo ao colo e começaram a ver o que se passava.


- Uau! Aquilo é grande festa! – Disse o mais baixo. – Alguém fez anos.


MIGUEL

segunda-feira, 21 de março de 2011

Tulipeiro "é quase um dinossauro"

Assinalando o Dia da Árvore, o Jornal de Notícias publicou, hoje, dia 21 de Março, um artigo sobre o tulipeiro da nossa escola com um título muito sugestivo.

Afinal tem 300 anos!

quinta-feira, 17 de março de 2011

Uma conta difícil

Fotografia de Doisneau

Houve um dia em que numa sala de aula uma professora mandou um menino fazer uma conta no quadro e o menino, como não tinha outra opção, começou a escrever a conta que professora estava a ditar:

- Duzentos e quarenta e cinco mais trezentos e noventa e oito. Faz esta conta aí no quadro.

Ele começou a escrever o número duzentos e quarenta e cinco, o sinal mais e depois o número trezentos e noventa e oito.

Então ele continuou a fazer a conta. Ele estava a pensar. Ao pensar estava a rir-se, mas percebia-se que estava a pensar e, ao pensar, parecia que estava com dificuldades.

No fim, deu-lhe seiscentos e quarenta e três e a professora disse que ele tinha feito a conta bem e o menino ficou mais aliviado.

José Miguel

Em bicos de pés

Fotografia de Doisneau

Havia nos tempos antigos três meninos que eram especiais. Nunca deixavam escapar nada!

Um dia viram na sua cidade uma casa muito velha.

Um deles, com os seus pés, deu passos pequenos e foi para a porta da casa, mas um dos outros aconselhou-o a ir ver se a casa tinha coisas perigosas. Por isso, foram os três espreitar pela janela, um escondido e os outros todos calmos. Eram baixinhos e por isso levantaram-se um pouco em bicos de pés. Mas também era para ver de mais de perto.

Eles lembraram-se que foi um dia de escola muito engraçado pois aprenderam que nunca se pode desistir.

Prometeram que nunca iam desistir e, se nesse momento fizessem isso, iam provar que mentiram a todas as pessoas que acreditaram neles e que acreditaram que eles eram corajosos e valentes quando prometeram isso.

Portanto, tal como nos outros, dias não desistiram e provaram que aqueles pés não saiam dali enquanto não soubessem o segredo daquela casa.

E, de tão especiais que são, descobriram mesmo esse grande segredo!

Como o segredo é deles, eu não o conto…

Sofia Garcez

Os copianços nos tempos antigos

Fotografia de Doisneau

1.

Este menino está sentado de joelhos na cadeira, por isso está mal sentado.

O menino que está à frente a fazer a ficha também está mal sentado, só que não está a copiar.

As mesas eram inclinadas para baixo e tinham uma beirinha para meter os lápis e as canetas.

O professor de certeza que tinha saído da sala.

As roupas eram antigas e os penteados eram muito bem arranjados e ajeitados.

Eles estão na escola a fazer um teste ou, se calhar, estão mesmo a fazer um trabalho normal.

TOMÁS CARDOSO

2.

Um dia enquanto alguns meninos de uma escola francesa tentavam fazer um trabalho, alguns, por outro lado, tentavam copiar.

Um dos que estavam a copiar até se pôs de joelhos para ver melhor como o outro tinha feito o trabalho. Ele estava apoiado com os cotovelos na mesa e com a cabeça para a frente para ver melhor.

De certeza que o rapaz deve ter copiado e se calhar ficou prejudicado porque o outro rapaz podia ter o trabalho muito mal feito.

ANDRÉ

3.

Um dia os meninos iam fazer um trabalho individual.

Alguns estavam atentos. A maior parte dessa turma, sabia o que a professora estava a ensinar, e os outros não. Os outros alunos que não sabiam não estavam atentos.

Como estavam a fazer em trabalho individual, alguns pensavam e os que não pensavam copiavam e quando não conseguiam copiar sentavam-se mal e ficavam de joelhos.

MAFALDA

4.

Era uma vez uma sala de aula. Situava-se em França e era do ano 1950.

O professor resolveu ler um livro com 832 páginas e os alunos tinham de fazer uma ficha.

Passado um bocado, o professor adormeceu na página três do livro, mas como o professor já tinha dado a ficha, os alunos começaram a fazê-la.

Um aluno, como era muito preguiçoso, aproveitou também para dormir.

Quando o professor estava quase a acordar, o menino acordou pôs-se de joelhos e tentou copiar pelo colega da frente e conseguiu.

PEDRO

O Discreto Copianço

Fotografia de Doisneau


Nos anos quarenta, numa escola do primeiro ciclo do Ensino Básico em Paris, dois amigos, que eram parceiros, faziam um trabalho. Um deles estava a pensar no que ia desenhar ou escrever, olhando para cima, à frente da lousa. O outro, muito discretamente, fingiu que estava a olhar para o seu desenho ou texto, mas na verdade estava a olhar para o trabalho do seu amigo.

Se estivesse lá e fosse professor quase não notava o copianço.

A professora soube porque um fotógrafo profissional, naquele momento, com a sua máquina, disparou e tirou uma fotografia, a preto e branco, e conseguiu mostrar na foto a expressão do copiador a copiar.

Cristiano

terça-feira, 15 de março de 2011

Os três astronautas

Esta semana estamos a trabalhar com este conto.

Era uma vez a Terra.

E era uma vez Marte.

Ficavam muito longe um do outro, no meio do céu, e à volta havia milhões de planetas e de galáxias.

Os homens que estavam na Terra queriam ir a Marte e aos outros planetas: mas estavam tão longe!

Porém não descansaram. Primeiro lançaram satélites que andavam à roda da terra por dois dias e depois vinham de novo.

Depois lançaram foguetões que davam algumas voltas à Terra mas, em vez de regressarem, acabavam por escapar à atracção terrestre e seguiam para o espaço.

Primeiro, puseram cães nos foguetões: mas os cães não sabiam falar, e pela rádio só transmitiam “béu béu”. E os homens não percebiam o que eles tinham visto e até onde chegavam.

Por fim arranjaram homens corajosos que quiseram ser cosmonautas. Os cosmonautas tinham este nome porque iam explorar o cosmos, que é o espaço infinito com os planetas, as galáxias e tudo o que têm à sua volta.

Os cosmonautas partiam e não sabiam se voltariam ou não. Queriam conquistar as estrelas para que um dia todos pudessem viajar de um planeta para outro, porque a Terra se tornara demasiado apertada e os homens aumentavam de dia para dia.

Numa bela manhã, partiram da Terra três foguetões de três pontos diferentes.

No primeiro ia um americano, que, todo alegre, assobiava uma ária de jazz.

No segundo ia um russo que cantava com voz profunda Volga, Volga.

No terceiro ia um chinês, que cantava uma belíssima canção, que os outros dois achavam desafinada.

Cada um queria ser o primeiro a chegar a Marte, para mostrar que era o mais valente.

Na verdade, o americano não gostava do russo e o russo não gostava do americano, e o chinês desconfiava dos dois.

E isto, porque o americano, para dizer bom dia, dizia: how do you do, o russo dizia 3дpacтвyйтe e o chinês dizia bom dia em chinês. Não se percebiam e julgavam-se diferentes.

Como os três eram todos valentes, chegaram a Marte quase no mesmo instante. Desceram das suas astronaves, de capacete e fato espacial… E descobriram uma paisagem maravilhosa e inquietante: o terreno era sulcado por longos canais cheios de uma água de cor verde-esmeralda. Havia estranhas árvores azuis com aves nunca vistas, de penas de cores estranhíssimas. Lá no horizonte viam-se montanhas vermelhas que emitiam estranhos brilhos.

Os cosmonautas olhavam a paisagem, olhavam uns para os outros, e mantinham-se afastados, cada um desconfiado dos outros. Depois veio a noite.

Havia à roda um estranho silêncio, e a Terra brilhava no céu como se fosse uma longínqua estrela.

Os cosmonautas sentiam-se tristes e perdidos e o americano, na escuridão, chamou pela mãe. Disse Mommy…

E o russo disse: Mama.

E o chinês disse: Ma-ma.

Mas compreenderam logo que estavam a dizer a mesma coisa e tinham os mesmos sentimentos. E sorriram, aproximaram-se, acenderam juntos uma bela fogueira, e cada um cantou canções do seu país.

Então encheram-se de coragem e, à espera da manhã, aprenderam a conhecer-se.

Por fim, veio a manhã e fazia muito frio. E, de repente, de um tufo de árvores saiu um marciano. Tinha um aspecto horrível! Era todo verde, tinha duas antenas no sítio das orelhas, uma tromba, e seis braços. Olhou para eles e disse: Grrr!

Na sua língua queria dizer: “Mãezinha, o que são estes seres horríveis?”

Mas os terrestres não o compreenderam e julgaram que era um rugido de guerra. Era tão diferente deles que não foram capazes de o compreender e de o amar. Os três sentiram-se logo iguais e uniram-se contra ele.

Perante aquele monstro, as suas pequenas diferenças desapareciam. Que importava se falavam uma linguagem diferente? Compreenderam que eram os três seres humanos. O outro não. Era demasiado feio, e os terrestres pensavam que quem é feio também é mau. Por isso resolveram matá-lo com os seus desintegradores atómicos.

Mas, de repente, na grande geada da manhã, um passarinho marciano, que, evidentemente, fugira do ninho, caiu no chão, tremendo de frio e de medo. Piava desesperadamente, mais ou menos como um passarinho terrestre. Fazia mesmo pena. O americano, o russo e o chinês olharam-no e não conseguiram reter uma lágrima de compaixão.

E então aconteceu uma coisa estranha. Também o marciano se aproximou do passarinho, olhou para ele, e deixou escapar da tromba dois fios de fumo.

E os terrestres, de repente, compreenderam que o marciano estava a chorar à sua maneira, como fazem os marcianos.

Depois viram-no baixar-se para o passarinho e segurá-lo nos seus seis braços, tentando aquecê-lo.

O chinês voltou-se então para os dois amigos terrestres.

— Compreenderam? — disse. — Nós julgávamos que este monstro era diferente de nós, e afinal ele também ama os animais, pode

comover-se, tem um coração e certamente um cérebro! Ainda acham que devemos matá-lo?

Nem era pergunta que se fizesse.

Os terrestres agora tinham compreendido a lição: não basta que duas criaturas sejam diferentes para que tenham de ser inimigas.

Por isso aproximaram-se do marciano e estenderam-lhe as mãos. E ele, que tinha seis, apertou de uma vez só a mão aos três, enquanto com as mãos livres fazia gestos de saudação.

E, apontando para a Terra, lá em cima no céu, deu a entender que desejava fazer uma viagem para conhecer os outros habitantes e estudar com eles a maneira de fundar uma grande república espacial, em que todos vivessem com amor e concórdia.

Os terrestres disseram que sim, todos contentes. E para festejar o acontecimento, ofereceram-lhe uma garrafinha de água fresquíssima trazida da terra. O marciano, muito feliz, meteu o nariz na garrafa, aspirou e disse que gostara muito daquela bebida, se bem que lhe fizesse andar a cabeça à roda. Mas agora os terrestres já não se espantavam. Tinham concluído que na Terra, tal como nos outros planetas, cada um tem os seus gostos, e é só questão de se compreenderem uns aos outros.

Umberto Eco; Eugenio Cami
Os três astronautas
Lisboa, Quetzal Editores, 1989