Eu salvei o Natal!
Era sempre igual, todos os anos - as canções
de Natal, o azevinho pela casa, o cheiro a peru recheado, pessoas carregadas de
embrulhos estrelados ou às bolinhas e alegria. Nada faltava na cidade onde eu
moro.
Visto que estávamos em férias de Natal, eu e
os meus amigos planeámos encontrar-nos na rotunda. Para não fazer má figura,
usei as minhas luvas preferidas e o meu gorro vermelho e, pelas ruas cheias de
segredo e enfeites, fui até lá.
Começámos por jogar à bola e o pior dos
desastres aconteceu! A bola parou mesmo à porta de um velho sem nome. Não é que
ele não tivesse um nome! Simplesmente, nunca se dignou a dizê-lo.
Esse velho não era um idoso qualquer. Não era
como o avô e a avó que nos esperam sempre com um sorriso e um enorme presente!
Na verdade, ele odiava esta época. Fechava as suas portas às canções de Natal
ou a qualquer coisa relacionada.
Como por instinto, a Cátia e o Hugo afastaram-se
e olharam para mim como quem diz “Tu atiraste a bola! Vai tu buscá-la”.
Felizmente, um salvador apareceu. O Pedro foi ter comigo para me ajudar a ir buscar
a bola (eu sabia que ele não se tinha rendido aos medricas!).
Fomos buscar a bola e… inacreditável. Quem lá
estava não era o velho sem nome, mas sim o Pai Natal. Sim! Esse mesmo! O
simpático de barbas brancas…
Parecia preocupado. Estava, pelo que parecia,
a falar com um duende. Mesmo estando a observar a cena pela janela, consegui
ouvir a conversa, e, pelos vistos, tinham um problema. A oitava rena estava doente!
Decidi entrar e, tanto o duende como o Pai
Natal ficaram sobressaltados. Depois de muitos olhares, o Pai Natal disse,
ajeitando a longa barba:
- As crianças cada vez ficam mais espertas! Neste
momento, a minha fábrica de brinquedos já está muito exposta e, para não atrair
atenções, terei de ficar aqui disfarçado de velho avarento.
-Realmente, é uma boa ideia! Mas, Senhor Pai
Natal. Não deixei de reparar no problema!- respondi.
- Pois – disse o duende- a oitava rena está
deveras doente e, se não fizermos nada, o Natal terá de ser adiado até que a
rena melhore!
- O Natal? Mas isso não pode ser! Onde está a
rena? – questionei.
- A rena está na fábrica de brinquedos- disse
o Pai Natal.
- Já sei! – exclamei - E se fôssemos lá para
resolver o problema?
Lá
fomos nós! Apesar de o trenó andar mais rápido do que parece, foi divertido.
A fábrica era muito gira. Tinha campos de
bengalas doces, imensos duendes, uma grande lista de meninos bem comportados,
um gabinete para o Pai Natal e até a Mãe Natal eu conheci.
Fui ter com a rena e percebi tudo. Ela tinha
saudades da família. Parece que não, mas a alegria de dar prendas não consegue
ser mais forte do que a saudade.
- E se ela viajar acompanhada com os pais?
Talvez dessa forma a sua tristeza desapareça.
O Pai Natal aceitou e levou-nos a casa.
Podem não acreditar, mas eu salvei o Natal.
De repente, acordei! Tinha sido um sonho!
Mas,
se calhar…
Por mais estranho que pareça, no dia seguinte,
o velho sem nome piscou-me o olho.
E, no
dia de Natal, em vez de oito, dez renas cortavam o céu. Nessa noite, as
estrelas sorriam para mim.
Raquel Duarte, 6ºB